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18/03/17 Sábado
Impasse  
Colégio João XXIII e Prefeitura procuram solução para manter ensino integral

Nos últimos dias de aula do ano letivo de 2016 o Colégio Estadual João XXIII de Mamborê recebeu o comunicado de que o estabelecimento havia sido contemplado com o ensino em tempo integral para 2017. O impasse surgiu no momento em que a direção do colégio entrou em contato com a Prefeitura Municipal para ver a possibilidade de realizar o transporte escolar dos alunos da área rural também no período da tarde.

Os 14 ônibus se deslocam à área rural, em várias linhas, todas as manhãs, para buscar alunos. Ao meio-dia, eles vão novamente para levar os alunos. No caso do período integral, que seria somente aos alunos do 1° Ano do Colégio João XXIII, em 2017, os ônibus teriam que se deslocar novamente, no final da tarde. Os estudantes almoçariam no colégio e após as aulas da tarde, os cerca de 30 alunos da área rural necessitariam do transporte para voltar para casa.

Imaginar que todos os ônibus tivessem que percorrer todo o município para levar cerca de 30 alunos, no final da tarde, realmente seria algo sem lógica. Sobre este assunto a Prefeitura de Mamborê emitiu uma nota na quinta-feira (16), falando da impossibilidade de realizar o transporte, já que aumentaria em cerca de 500km, somando todas as linhas. Além disso, não haveria tempo para a limpeza dos ônibus, já que parte deles são utilizados para o transporte de cerca de 260 universitários para Campo Mourão, à noite (nota na íntegra, abaixo).

Esperança

Diante do impasse, algumas ações estão sendo executadas visando a possibilidade do deslocamento de todos, para que o colégio não perca o ensino integral. Uma análise mais precisa demonstrou que dos 34 alunos da área rural, divulgados inicialmente, o número caiu para 28, já que alguns estão residindo ou passaram a residir dentro do perímetro urbano. Este número de 28 pode cair ainda mais.

O presidente da Associação de Pais, Mestres e Funcionários – APMF do Colégio João XXIII, Wagner Adolfo Hoffmann, informou que uma pesquisa está em andamento, junto aos pais, para se levantar a real localização de suas residências e traçar rotas mais curtas, visando um possível transporte destes alunos. Dependendo da quantidade de alunos em algumas rotas, o deslocamento poderia ser feito com veículos menores. A possibilidade dos pais buscarem seus filhos em determinados pontos, no final da tarde, também é algo que a APMF está verificando e que reduziria também o trecho a ser feito pelo transporte municipal.

 

Ensino Integral

O Núcleo Regional de Educação – NRE de Campo Mourão informou, no dia 9 de março, que além do Colégio João XXIII, dois outros estabelecimentos foram contemplados: um em Engenheiro Beltrão e outro em Barbosa Ferraz. Aqueles municípios “já se adequaram para transportar os alunos”, declarou o NRE.

Nessa modalidade de ensino, os estudantes vão cedo para a escola e só retornam ao final da tarde. Durante o dia, participam de aulas com metodologias diferenciadas. Essas escolas trabalham com Componentes Curriculares Eletivos de Comunicação, Cultura Digital e Uso de Mídias, Cultura Corporal, Cultura e Patrimônio, Educação Científica e Cidadania e Percepções Teatrais no Ambiente Escolar. “Além disso, os estudantes têm aulas das disciplinas da Base Nacional Comum, Língua Estrangeira Moderna e Componentes Curriculares obrigatórios com ênfase no Mundo do Trabalho e no Protagonismo Juvenil”, explicou a professora Marcianita Siqueira Bine, técnica da Educação Integral do NRE.

“As escolas contempladas que não tiverem o apoio do governo municipal terão a modalidade de Educação em Tempo Integral cancelada, retornando a oferta ao Ensino Médio regular, pois nenhum aluno pode ser prejudicado”, disse Rosimeire Aparecida De Caires, chefe do NRE de Campo Mourão.

Pesquisa

Quarenta e quatro pais de alunos do 1° Ano do Colégio João XXIII, da área rural e urbana, participaram de uma consulta realizada no dia 10 de março, pelo colégio. O resultado foi 27 votos aprovando o Ensino em Tempo Integral; 17 pais votaram pela não continuidade do sistema.


Primeira reunião entre colégio e prefeitura, em fevereiro
 
Nova reunião no gabinete do prefeito Ricardo Radomski, com presença da chefe do NRE, dia 6 de março
 
Reunião entre direção do colégio com pais dos alunos do 1° Ano, no dia 7 de março, no colégio.
Presença do prefeito Ricardo Radomski e secretário de Governo Thiago Antônio Zanini
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Abaixo, a nota da Prefeitura Municipal de Mamborê, publicada no dia 16 de março de 2017 (texto na íntegra, incluindo negrito).

 

   
ENSINO INTEGRAL 

Vimos por meio deste, prestar os devidos esclarecimentos acerca da polemica nas redes sociais acerca do transporte escolar para o ensino integral. Vale ressaltar que, fora feita a adesão do referido colégio a escola Integral, sem que anteriormente fosse feita uma consulta á administração sobre as reais possibilidades de se arcar com esses altos custos do transporte escolar. 

Queremos deixar claro que o Prefeito Municipal e sua equipe, jamais se negaram a transportar os alunos do ensino médio oriundos da zona rural, mesmo estes sendo de responsabilidade do Estado, e embora o valor repassado pelo estado ao município por meio de convenio seja apenas de ajuda de custo. 

Lembrando que o município já presta este serviço ao estado, transportando os alunos no período da manhã. A administração valoriza e muito a educação e um ensino de qualidade para nossos alunos, porém, que este seja implantado de forma organizada e planejada, conforme prevê o Plano Nacional de Educação (PNE – 2014/2024), e não apenas para atender aos anseios de um determinado grupo, trazendo prejuízo a outros alunos, como por exemplo, o transporte dos alunos que estudam em Campo Mourão. 

Em suma, a administração expõe que, este transporte não pode ser feito da forma imposta e sem qualquer possibilidade de planejamento como está acontecendo.

Esta nova prestação de serviço, nesse momento, viria a comprometer o transporte feito aos universitários, o que prejudicaria aproximadamente 260 alunos do ensino superior, que teriam que arcar com o custo elevado do transporte terceirizado. Apesar de que, esta posição foi defendida por uma professora do referido colégio em uma reunião entre pais, professores, diretores e a administração e sua equipe. 

  Informamos que, os alunos do ensino integral que necessitam do transporte escolar totalizam apenas um número de 34, e residem  nas mais diversificadas localidades de nosso município, e que, para transporta-los de volta as suas casas, os ônibus teriam que percorrer aproximadamente um total de 500 km a mais do que já é feito no período da manha, comprometendo inclusive a manutenção e a limpeza dos ônibus, que e feita exatamente no período da tarde. 

A administração já está em negociação com o governo do Estado para que consigamos tão logo atender a esta demanda. Ocorre que vem se tentando atribuir culpa a administração acerca de algo implantado sem qualquer estruturação e organização prévia. 

Vale salientar que a direção o colégio também afirmaram possuir dificuldades para a implantação do ensino integral, com a relação a sua estrutura, pois ainda não possui um local adequado para que sejam feitas as refeições e descanso dos alunos, como também não possui profissionais para atender estes alunos nos períodos de intervalo, e também com relação à merenda escolar.  O que também é uma preocupação dos pais. 

Outro sim, destacamos que para implantar essa nova sistemática de ensino, seria necessário a aquisição de mais ônibus escolares e a contratação de pelo menos mais 5 (cinco) profissionais. Neste momento, o município não dispõe de recursos e os valores repassados pelo Estado não são suficientes. 

Finalizando, deixando claro que o município já esta em contato com seus representantes no Estado, solicitando a viabilização de recursos para em breve termos uma solução que beneficie a todos os estudantes do ensino básico, ensino médio e universitário.