Nos últimos dias de aula do ano letivo de 2016 o Colégio Estadual João XXIII de Mamborê recebeu o comunicado de que o estabelecimento havia sido contemplado com o ensino em tempo integral para 2017. O impasse surgiu no momento em que a direção do colégio entrou em contato com a Prefeitura Municipal para ver a possibilidade de realizar o transporte escolar dos alunos da área rural também no período da tarde.
Os 14 ônibus se deslocam à área rural, em várias linhas, todas as manhãs, para buscar alunos. Ao meio-dia, eles vão novamente para levar os alunos. No caso do período integral, que seria somente aos alunos do 1° Ano do Colégio João XXIII, em 2017, os ônibus teriam que se deslocar novamente, no final da tarde. Os estudantes almoçariam no colégio e após as aulas da tarde, os cerca de 30 alunos da área rural necessitariam do transporte para voltar para casa.
Imaginar que todos os ônibus tivessem que percorrer todo o município para levar cerca de 30 alunos, no final da tarde, realmente seria algo sem lógica. Sobre este assunto a Prefeitura de Mamborê emitiu uma nota na quinta-feira (16), falando da impossibilidade de realizar o transporte, já que aumentaria em cerca de 500km, somando todas as linhas. Além disso, não haveria tempo para a limpeza dos ônibus, já que parte deles são utilizados para o transporte de cerca de 260 universitários para Campo Mourão, à noite (nota na íntegra, abaixo).
Esperança
Diante do impasse, algumas ações estão sendo executadas visando a possibilidade do deslocamento de todos, para que o colégio não perca o ensino integral. Uma análise mais precisa demonstrou que dos 34 alunos da área rural, divulgados inicialmente, o número caiu para 28, já que alguns estão residindo ou passaram a residir dentro do perímetro urbano. Este número de 28 pode cair ainda mais.
O presidente da Associação de Pais, Mestres e Funcionários – APMF do Colégio João XXIII, Wagner Adolfo Hoffmann, informou que uma pesquisa está em andamento, junto aos pais, para se levantar a real localização de suas residências e traçar rotas mais curtas, visando um possível transporte destes alunos. Dependendo da quantidade de alunos em algumas rotas, o deslocamento poderia ser feito com veículos menores. A possibilidade dos pais buscarem seus filhos em determinados pontos, no final da tarde, também é algo que a APMF está verificando e que reduziria também o trecho a ser feito pelo transporte municipal. |
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Ensino Integral
O Núcleo Regional de Educação – NRE de Campo Mourão informou, no dia 9 de março, que além do Colégio João XXIII, dois outros estabelecimentos foram contemplados: um em Engenheiro Beltrão e outro em Barbosa Ferraz. Aqueles municípios “já se adequaram para transportar os alunos”, declarou o NRE.
Nessa modalidade de ensino, os estudantes vão cedo para a escola e só retornam ao final da tarde. Durante o dia, participam de aulas com metodologias diferenciadas. Essas escolas trabalham com Componentes Curriculares Eletivos de Comunicação, Cultura Digital e Uso de Mídias, Cultura Corporal, Cultura e Patrimônio, Educação Científica e Cidadania e Percepções Teatrais no Ambiente Escolar. “Além disso, os estudantes têm aulas das disciplinas da Base Nacional Comum, Língua Estrangeira Moderna e Componentes Curriculares obrigatórios com ênfase no Mundo do Trabalho e no Protagonismo Juvenil”, explicou a professora Marcianita Siqueira Bine, técnica da Educação Integral do NRE.
“As escolas contempladas que não tiverem o apoio do governo municipal terão a modalidade de Educação em Tempo Integral cancelada, retornando a oferta ao Ensino Médio regular, pois nenhum aluno pode ser prejudicado”, disse Rosimeire Aparecida De Caires, chefe do NRE de Campo Mourão.
Pesquisa
Quarenta e quatro pais de alunos do 1° Ano do Colégio João XXIII, da área rural e urbana, participaram de uma consulta realizada no dia 10 de março, pelo colégio. O resultado foi 27 votos aprovando o Ensino em Tempo Integral; 17 pais votaram pela não continuidade do sistema. |
Primeira reunião entre colégio e prefeitura, em fevereiro |
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Nova reunião no gabinete
do prefeito Ricardo Radomski, com presença da chefe do NRE, dia 6 de março |
Reunião entre direção do colégio com pais dos alunos do 1° Ano, no dia 7 de março,
no colégio.
Presença do prefeito Ricardo Radomski e secretário de Governo Thiago Antônio Zanini |
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Abaixo, a nota da Prefeitura Municipal de Mamborê, publicada no dia 16 de março de 2017 (texto na íntegra, incluindo negrito).
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ENSINO INTEGRAL
Vimos por meio deste, prestar os devidos esclarecimentos acerca da polemica nas redes sociais acerca do transporte escolar para o ensino integral. Vale ressaltar que, fora feita a adesão do referido colégio a escola Integral, sem que anteriormente fosse feita uma consulta á administração sobre as reais possibilidades de se arcar com esses altos custos do transporte escolar.
Queremos deixar claro que o Prefeito Municipal e sua equipe, jamais se negaram a transportar os alunos do ensino médio oriundos da zona rural, mesmo estes sendo de responsabilidade do Estado, e embora o valor repassado pelo estado ao município por meio de convenio seja apenas de ajuda de custo.
Lembrando que o município já presta este serviço ao estado, transportando os alunos no período da manhã. A administração valoriza e muito a educação e um ensino de qualidade para nossos alunos, porém, que este seja implantado de forma organizada e planejada, conforme prevê o Plano Nacional de Educação (PNE – 2014/2024), e não apenas para atender aos anseios de um determinado grupo, trazendo prejuízo a outros alunos, como por exemplo, o transporte dos alunos que estudam em Campo Mourão.
Em suma, a administração expõe que, este transporte não pode ser feito da forma imposta e sem qualquer possibilidade de planejamento como está acontecendo.
Esta nova prestação de serviço, nesse momento, viria a comprometer o transporte feito aos universitários, o que prejudicaria aproximadamente 260 alunos do ensino superior, que teriam que arcar com o custo elevado do transporte terceirizado. Apesar de que, esta posição foi defendida por uma professora do referido colégio em uma reunião entre pais, professores, diretores e a administração e sua equipe. |
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Informamos que, os alunos do ensino integral que necessitam do transporte escolar totalizam apenas um número de 34, e residem nas mais diversificadas localidades de nosso município, e que, para transporta-los de volta as suas casas, os ônibus teriam que percorrer aproximadamente um total de 500 km a mais do que já é feito no período da manha, comprometendo inclusive a manutenção e a limpeza dos ônibus, que e feita exatamente no período da tarde.
A administração já está em negociação com o governo do Estado para que consigamos tão logo atender a esta demanda. Ocorre que vem se tentando atribuir culpa a administração acerca de algo implantado sem qualquer estruturação e organização prévia.
Vale salientar que a direção o colégio também afirmaram possuir dificuldades para a implantação do ensino integral, com a relação a sua estrutura, pois ainda não possui um local adequado para que sejam feitas as refeições e descanso dos alunos, como também não possui profissionais para atender estes alunos nos períodos de intervalo, e também com relação à merenda escolar. O que também é uma preocupação dos pais.
Outro sim, destacamos que para implantar essa nova sistemática de ensino, seria necessário a aquisição de mais ônibus escolares e a contratação de pelo menos mais 5 (cinco) profissionais. Neste momento, o município não dispõe de recursos e os valores repassados pelo Estado não são suficientes.
Finalizando, deixando claro que o município já esta em contato com seus representantes no Estado, solicitando a viabilização de recursos para em breve termos uma solução que beneficie a todos os estudantes do ensino básico, ensino médio e universitário. |